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Como empresas podem responder ao Covid

Como empresas podem responder ao Coronavírus

Há mais de 10 anos o mundo não passava por uma pandemia. A última, H1N1, foi considerada uma pandemia após contabilizar 36 mil casos em 76 países em Junho de 2019 com seu fim decretado pela OMS em agosto de 2010.

Na semana passada a COVID-19 foi oficialmente classificada pela OMS como uma pandemia após atingir 118 mil pessoas em 114 nações.

Foram analisados neste artigo os efeitos nas empresas Chinesas após as medidas de isolamento social que começaram a ser impostas em Janeiro. As respostas dessas empresas fornecem lições valiosas para líderes em outros locais.

Líderes Chineses fornecem insights sobre o que funciona e o que não funciona em tempos de crise.

Empresários estão sofrendo com duas ansiedades:

  1. Como o Coronavírus irá afetar a economia
  2. O que as empresas podem fazer para se preparar

Um estudo realizado no Centro Global de Empreendedorismo e Inovação da Universidade de St. Gallen na Suíça analisou de forma sistemática notícias e redes sociais das regiões mais afetadas pelo COVID-19 para saber como as empresas Chinesas estão respondendo a crise em andamento.

Os resultados obtidos mostraram que existem vários passos que líderes Chineses estão tomando com sucesso. Há também áreas em que a falta de preparo os levou a resultados indesejados.

Desenvolva uma infraestrutura de trabalho remoto

A telecomunicação já é vista por líderes há um bom tempo como uma solução para manter o funcionamento integral de uma empresa durante tempos de crises.

  • Empresas que já possuem políticas de horários flexíveis com opções semanais de home office saem na frente. O motivo é que essas empresas já possuem ferramentas e processos que funcionam bem à distância. Se a sua empresa ainda não é uma dessas poderá enfrentar alguns desafios ao precisar migrar para este modelo de última hora.
  • Treine seus líderes. A maior reclamação de funcionários que precisaram, do dia para a noite, trabalhar dentro de casa, é a falta de respeito em relação às horas de trabalho. Líderes precisam estabelecer canais de comunicação e processos para fazer com que a rotina seja o mais próximo possível do normal, além de alinharem as expectativas de quando os funcionários precisarão estar disponíveis e quando não.
  • Identificar funcionários essenciais para manter a continuidade do negócio. Eles possuem ferramentas para trabalhar de casa se necessário? Há um plano B no caso de algum funcionário essencial ficar doente?
  • Desenvolva um cenário desastroso que incorpore a telecomunicação. Caso a sua região seja colocada em quarentena, qual é o plano? Use técnicas de planejamento de cenário para garantir que sua empresa diminua o impacto na capacidade nestes casos.

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Esteja preparado para um choque econômico

O Brasil possui cerca de 20 milhões de empreendimentos e quase 70% desses negócios são pequenos. Sabemos que pequenos negócios possuem margem de lucro e linha de crédito reduzidas, por isso, uma crise econômica pode afetar sua existência.

Durante uma crise o faturamento diminui, empresários se deparam com dificuldades logísticas e com fornecedores enquanto as contas continuam chegando, tanto em casa quanto na empresa.

  • Tenha uma economia que dê conta da sua empresa e da sua família por pelo menos 3 meses. Essa precaução é necessária para pagamento de salários e outras despesas imediatas. Tente não procurar financiamentos ou créditos de curto prazo para reduzir o impacto, que no médio ou longo prazo podem ser determinantes para manter a saúde financeira da sua empresa estável.
  • Saiba quais são suas opções. Muitos governos em momentos de crise diminuem as taxas de juros e realizam outras medidas para apoiar pessoas físicas e jurídicas.
  • Faça um plano B para fornecedores. Se o seu negócio está nas mãos de um fornecedor sua empresa está vulnerável a diversas situações, não apenas ao COVID-19. Estabeleça relações com fornecedores de locais menos afetados pela crise. Desenvolver uma cadeia de suprimentos resiliente é uma boa prática em qualquer condição.
  • Tente entender quão preparado estão seus principais fornecedores. Saber como seus principais fornecedores se planejam para possíveis crises é fundamental para saber o quanto você poderá contar com eles em momentos difíceis.

Dicas da nossa equipe para a realidade Brasileira:

Sabemos que diferentemente da China e Europa o Brasil ainda não está em quarentena, apesar da preocupação ser crescente.

Nossa equipe separou algumas dicas pensando no momento atual dessa crise no Brasil.

Tenha ações preventivas e proativas

  • Crie uma política interna para que as pessoas sintam-se seguras no trabalho. Crie um processo interno em que funcionários poderão relatar de forma anônima se estão infectados ou tiveram contato com alguém infectado pelo COVID-19. Alerte quem teve contato com este profissional, preservando sua integridade.
  • Crie um horário de almoço seguro. Identifique um fornecedor de alimentação que possa entregar o almoço, permitindo assim que a equipe não precise ir até locais públicos.
  • Flexibilize os horários. Se possível, atenda com funcionários e horários reduzidos em um revezamento para não expor sua equipe ao transporte público em horário de pico.
  • Possibilidade de férias. Caso não seja possível o trabalho remoto ofereça a possibilidade de férias para funcionários que sejam ou que possuam contato com pessoas dentro do grupo de risco.
  • Crie uma rotina de limpeza. Disponibilize álcool em gel e crie uma rotina de limpeza em áreas de maior contato físico como banheiro, corrimão, porta etc.
  • Preserve a saúde e integridade da equipe. Caso algum funcionário esteja com sintomas de gripe, permita que saia em horário de trabalho para realizar os testes ou que tire folga, evitando que fique envergonhado por apresentar sintomas como tosse perante a equipe.

Crie estratégias para recuperar o impacto ao longo do ano

A maioria das empresas possui uma equipe enxuta e pensando em micro e pequenas empresas todo o corpo estratégico é formado pelos proprietários, que estão sempre atolados de atividades operacionais.

Quando o impacto vem de fora, não há muito que o empresário pode fazer além de se planejar e se organizar para mitigar os problemas.

Mas algo que poucos pensam em momentos de crise e que é fundamental para fechar o ano positivo é rever as metas e ações, projetando um crescimento maior pós crise.

  • Tenha uma visão anual, crie ações trimestrais. Se o importante é garantir que a sua empresa não irá fechar o ano no vermelho dilua o impacto da crise nos outros trimestres, diminuindo as ações nos períodos impactados e aumentando as ações nos períodos pós crise.
  • Faça aquilo que você nunca tem tempo. Definir o calendário de conteúdo. Calcular os resultados das estratégias. Criar planos de curto, médio e longo prazo. Revisar seu plano de negócios. Criar ou modernizar seu site ou loja virtual. Essa é a hora! Saia da crise com a empresa pronta para alcançar os resultados projetados!

Pontos de atenção:

  • Aumento de preço. Aumentar o preço de itens fundamentais pode te proporcionar uma boa margem de lucro no curto prazo, mas irá acabar com a reputação da sua empresa no médio e longo prazo. Não tente tirar vantagem de uma situação terrível.
  • Funcionários em risco. Manter a empresa funcionando a qualquer custo e fazer seu funcionário escolher entre sua saúde ou seu emprego não é uma boa prática empresarial em tempos de crise. O recurso humano da sua empresa é seu bem mais valioso. Demonstrar que se importa com sua equipe fará com que eles produzam mais e melhor quando puderem, além de deixar intacta a reputação da sua empresa.
  • Comunique-se. Informe como a sua empresa está operando durante a crise e se ainda não souber,  informe quando tomará esta decisão.

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Sobre o Autor

Renata é Psicóloga, especialista em Neuromarketing e Comportamento do Consumidor. Obcecada por café e livros de história, consegue passar horas falando sobre praticamente qualquer assunto.